A geração Millennium tem o seu corpo como ponto de partida e como ponto de chegada de qualquer experimentação. O culto da imagem e, consequentemente, do corpo é uma imagem de marca desta geração. Tal explica e, pode ajudar a compreender melhor, o uso tão generalizado, atualmente, de tatuagens e piercings.

Esta geração identifica, com clareza, que as bebidas e o cigarro são as drogas mais consumidas e que são um problema. Percecionam-se como vaidosos, consumistas, acomodados, independentes, impacientes, stressados, bem informados e ousados.

É uma geração para a qual a escola deixou de ser somente uma fonte de transmissão de conhecimento. Dela exigem que seja também uma fonte de transmissão dos valores éticos e morais, aqueles que antes eram transmitidos pela família e pela religião. Atualmente, os alunos passam a maior parte do tempo nas escolas, seja na normal, seja na de línguas ou na de música. Muitos ainda acumulam atividades desportivas e, com isto tudo, passam muito menos tempo com as suas famílias.

O sentimento de solidão é grande, traduzindo-se, não raramente, no aparecimento de sintomas como depressões e fobias, fenómenos que veem sendo constatados pelo consultores e psicólogos estudiosos destas matérias. José Ernesto Bolonha, terapeuta de jovens e assessor em escolas e colégios, vê este surto de modernas doenças como efeito colateral do individualismo típico da nossa época.

Perante tudo isto, cabe à escola dar um novo significado à solidariedade e ao espírito coletivo, tal como afirma Bologna: “É muito clara a transferência de responsabilidade que a sociedade da segunda metade do século XX fez para a escola”. A família socializava a criança, a Igreja moralizava-a, a escola transmitia o conhecimento, a empresa inseria-a no processo produtivo e o estado organizava esse processo. Agora, quase todas essas funções passaram para a escola, os papéis mudaram muito na família.

Em síntese, esta geração, que nasceu entre o início da década de 80 e o ano 2000, tem hoje entre 15 e 35 anos. Muitos são filhos de pais divorciados, tiveram computador antes de experimentarem fumar pela primeira vez, e um telemóvel antes da primeira relação sexual. São narcisistas, multifacetados, inovadores, egocêntricos, ansiosos em permanente crise.

É uma geração individualista, é social e moldada pela tecnologia. Parece menos inclinada para a compra de casa e de carros; tem hábitos de consumo diferentes que estão a obrigar as políticas económicas a adaptarem-se.

Arrendam mais e compram menos ativos fixos, tendo mudado de paradigma que, deixou de ser a posse para passar a ser o acesso, fundamentalmente, por necessidade já que a incerteza do contexto e a precariedade permitem menos compromissos baseados num ciclo de vida estável e cómodo e, por essa razão, estão a influenciar os agentes económicos para novos e difíceis desafios.

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