As artes de carpintaria e de marcenaria são as responsáveis pela produção de uma parte significativa do lar e dos objetos que o embelezam e o tornam usável e confortável. Muitos dos equipamentos nos espaços públicos que frequentamos, nomeadamente, os bancos de jardim, as sebes, as pérgulas, as mesas dos mais icónicos cafés e restaurantes, os passadiços das praias e das montanhas, entre muitas outras coisas de que desfrutamos, têm na sua génese o produto madeira ou os seus derivados.

Este material é, em todas as suas valências, relativamente desconhecido da maioria dos seus utilizadores. A forma da sua exploração, a sua sustentabilidade, o conforto que proporciona à nossa vida, bem como a sua eficiente exploração escapam à maioria dos comuns utilizadores. Justifica-se, por isso, que se revele em alguns dos artigos desta nova série, questões acerca dos agentes da sua transformação, agregando um conjunto de conhecimentos de fácil entendimento para o público em geral.

Estou certo que será do agrado de todos verem referidas e explicadas algumas generalidades sobre este extraordinário e ancestral material que é explorado pelo ser humano, praticamente, desde o seu aparecimento.

A Madeira marca presença nos transportes terrestres e marítimo, na construção de abrigos e casas, no aquecimento enquanto fonte de energia, na confeção gastronómica e na elaboração de objetos auxiliares à alimentação e conservação, ou, ainda, na obtenção dos alimentos pela pesca e pela caça; na lavragem e preparação dos terrenos para o seu plantio e na armazenagem. Os barcos, as salgadeiras, carros de bois, os canastros, os antigos arados de madeira, os comboios, os primeiros automóveis, entre muitos outros, são disso exemplo.

Sendo a madeira um dos mais versáteis e antigos materiais usados pela humanidade, a sua exploração, é, nos dias de hoje, uma atividade genericamente sustentável. O seu uso é ambientalmente amigável, é um material biodegradável. Em resumo, uma floresta bem explorada e bem gerida, consegue produzir, proficientemente mais madeira do que aquela que a humanidade consome.

Em termos de estrutura botânica, existem, no mundo, dois tipos distintos de madeiras: as softwood e as hardwood (ver diferenças em wikipedia). Ambas são utilizadas na construção de mobiliário e em carpintaria.

A forma mais comum de utilização é em madeira maciça (derivada do corte longitudinal da árvore através de serra de aço, que a transforma em tábuas de diferentes espessuras) ou em folha (derivada do corte longitudinal da árvore através de lâminas de aço que a transforma em folhas de cerca de quatro décimas de milímetro).

A folha de madeira é, normalmente, colada sobre estruturas de derivados de madeira chamadas aglomerados de partícula grossa ou de partícula fina, este último vulgarmente conhecido por MDF. Desta forma, colando a folha sobre estes painéis, torna-se muito mais eficiente o uso integral da matéria prima. Os aglomerados tendem a aproveitar integralmente todos os constituintes lenhosos da árvore no seu fabrico e a folha de madeira confere, ao conjunto final, a roupagem necessária para que a beleza e o conforto, característicos da madeira, fiquem visíveis e disponíveis para uso.

A madeira maciça é frequentemente usada sob a forma de painéis constituídos por réguas (ripas) coladas lateralmente ou em tábuas, também elas coladas ou encaixadas lateralmente.

A maioria do mobiliário e carpintaria utiliza hoje painéis de madeira folheados. As portas, os móveis, as prateleiras, o parquete flutuante são disso alguns exemplos.

Sendo a madeira uma matéria viva, constituída maioritariamente por fibras de celulose, tende a variar na sua dimensão quando sujeita às variações de humidade. A sua utilização em réguas ou tábuas de pequena dimensão, bem como a utilização de juntas de dilatação na sua construção, permitem minimizar este inconveniente. Os aglomerados folheados são constituídos por madeira triturada, pelo que a sua variação dimensional é residual.

 

Como substrato, a madeira é um material maravilhoso, um desafio permanente para os utilizadores que intervêm na sua manipulação, um suporte vivo, confortável e belo para quem dela usufrui depois de transformada. Por isso, ela continuará a merecer o devido enfoque em alguns dos próximos artigos.

Até lá.

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