A sustentabilidade do planeta depende de uma gestão otimizada dos seus recursos. Neste particular, o aproveitamento integral da madeira que a humanidade explora desde o seu aparecimento é absolutamente determinante.

É sabido que as árvores têm a capacidade extraordinária de, através da fotossíntese, capturar e decompor o CO2 da atmosfera, libertando oxigénio e retendo carbono (que é o principal componente da madeira). As árvores são, por isso, um elemento fundamental para a vida, tal como a conhecemos.

No entanto, o que é, provavelmente, menos conhecido é que essa capacidade de retenção do CO2 e de libertação de oxigénio se reduz e praticamente termina quando as árvores atingem a sua maturidade e deixam de crescer. Nesse momento, a boa gestão ambiental aconselha a substituição das árvores maduras por árvores jovens, em pleno crescimento, por um lado renovando a capacidade de fotossíntese das florestas e, por outro, impedindo o apodrecimento da madeira velha e a libertação de CO2 que esse processo provocaria.

E, enquanto uma boa parte da madeira assim recolhida pode e deve ser utilizada na carpintaria e marcenaria, os ramos e outras partes menos utilizáveis das árvores, bem como os próprios desperdícios da carpintaria, transformados em estilha e serrim, podem ser utilizados para produzir aglomerado de partículas de madeira, vulgarmente chamado aglomerado de madeira, que, por sua vez, vai servir para fabricar mobiliário. Este ciclo, normalmente chamado o “ciclo virtuoso da madeira”, é completado quando o mobiliário em fim de vida for, por sua vez, reciclado e a madeira nele contida for reutilizada para produzir novo aglomerado. E assim por diante…

Este ciclo virtuoso da madeira, comportando aspetos ligados à renovação, reciclagem e reutilização, representa bem os chamados três pilares da sustentabilidade (ambiental, económico e social) e é, por isso, um excelente exemplo de como um produto inventado pelo Homem (o aglomerado de madeira) contribui, de forma decisiva, para a sustentabilidade do planeta.

O caso do aglomerado de madeira aqui descrito é, provavelmente, o mais evidente e paradigmático da importância dos chamados derivados de madeira (aglomerado de partículas, MDF, OSB, waferboard, etc.) para a sustentabilidade.

Este produto, inventado no início dos anos 50 do século passado para substituir o contraplacado, é normalmente constituído por três camadas de partículas de madeira – uma camada interior de partículas grossas e as duas camadas exteriores de partículas muito finas – aglutinadas por uma cola. Esta estrutura dá às placas de aglomerado de madeira uma grande resistência mecânica, conferida essencialmente pelas partículas interiores de maior dimensão, ao passo que a sua superfície muito fina permite um acabamento muito suave, adequado à aplicação de vários tipos de revestimentos, para utilização em mobiliário e em algumas aplicações construtivas.

O MDF (Medium Density Fibreboard), ou aglomerado de densidade média, é outro caso de sucesso no domínio dos derivados de madeira. Inventado em 1960, é, fundamentalmente, constituído por placas de fibras de madeira aglutinadas por uma cola através de um processo contínuo de prensagem a quente. É, em geral, um produto com menor resistência mecânica que o aglomerado de partículas de madeira, mas muito mais homogéneo e, por isso, mais adequado para a produção de peças de mobiliário ou de carpintaria com maquinagem a três dimensões, como é o caso das molduras. A sua superfície muito fina permite um excelente acabamento, pelo que é um suporte habitual para acabamentos por pintura e lacagem em aplicações no mobiliário.

O OSB (Oriented Strand Board) é um tipo especial de aglomerado de madeira, constituído por partículas bastante maiores, finas, mas muito longas (“strands”), dispostas em três camadas perpendicularmente umas em relação às outras, o que dá ao material uma resistência mecânica muito significativa. Por essa razão, o OSB é especialmente usado na construção, embora a sua superfície relativamente grosseira, porém com uma forte personalidade de madeira seja muito apreciada para aplicações na arquitectura, depois de simplesmente protegida com verniz transparente.

Estes são apenas alguns exemplos de produtos com origem na madeira e que complementam, de forma excelente, a sua importância muito relevante na proteção e sustentabilidade do ambiente para nós e para as gerações vindouras. Estes são, também, uma parte significativa dos materiais que constituem os móveis e a carpintaria que se fabrica na atualidade.

Continua no próximo artigo…

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