Sucessão parte II

A gestão de pessoas, de que o sucesso da gestão depende, exige clarividência, maturidade, conhecimentos e habilidade de liderança. Exige muita correção na análise dos resultados, muito foco nas pessoas e na sua dinâmica interpessoal, exige descentralização de poder, responsabilização e formação de decisão que envolva e que leve em conta a opinião dos elementos constituintes de cada equipa.

Exige habilidade no aconselhamento, muita aprendizagem, humildade, crença, bem como muita aptidão negocial e de moderação. Exige, cumulativamente, um comportamento honesto, transparente e coerente, para que as pessoas não possam levantar dúvidas quanto à firmeza de liderança na direção para percorrer o caminho traçado. Tais dúvidas geram insegurança e desmotivação.

Posto isto, é evidente que as famílias, particularmente aquelas que detém empresas e que pretendem mantê-las, precisam de trabalhar de forma empenhada, até à exaustão se necessário, os factores críticos de sucesso que intervêm na gestão das pessoas e das equipas antes referidos, começando por aquelas que pertencem ao seio familiar.

Para além de triste, é altamente destruidor de valor, ver irmãos e primos ou co – herdeiros de sociedades por cotas, destruírem a sua relação por simples falta de orientação na gestão do conflito familiar.

É, portanto, fundamental levar a discussão deste assunto por diante com empenho, debatendo-o publicamente, difundindo-o, tornando-o parte integrante da agenda nacional.

Sabe-se que é um assunto difícil, de uma alta complexidade emocional, que exige moderadores muito experientes em conflito familiar. Vale, ainda assim, a pena, continuar a dar-lhe a importância que merece, nomeadamente, no quadro de apoio da agenda 2020.

Famílias fortes e bem estruturadas têm muito maior probabilidade de encontrar sucessores fortes e bem estruturados entre os seus herdeiros. Sucessores preparados tecnicamente para ser a “pessoa certa no lugar certo”, para assumir a responsabilidade de transformar o legado empresarial em algo duradouro e consolidado.

Uma boa sucessão é melhor conseguida se a empresa enfrentar o processo com elevados graus de profissionalização que, nos dias de hoje, tem que estar assente em processos, que tenham na sua génese uma cultura de crescimento baseada na aquisição contínua de conhecimento.

Sendo que não raramente, os herdeiros das empresas não são profissionalizados, nem buscam sê-lo, é frequente que sucessores e sucedidos impeçam o conhecimento de entrar na organização, por tal constituir uma ameaça. Essa é, também, uma das razões para a elevada taxa de desemprego dos licenciados.

As pessoas tendem a rejeitar o que não conhecem porque lhes é impossível controlar o desconhecido. O resultado, lamentavelmente, não é o mais desejável: muitas das empresas portuguesas vivem o seu dia-a-dia assente em processos de gestão arcaicos e desatualizados, sem estratégia, sem alinhamento, sem objetivos, sem sonhos, nem sequer capacidade de continuar aquilo que outros sonharam e construíram.

Continua…

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