Segundo consta, a celebração do Natal foi instituída pela igreja católica no ano 354 d.C.. A data natalícia que celebra o nascimento de Jesus não é coincidente com a data do seu nascimento. 25 de Dezembro foi designado por coincidir com o solstício de inverno, altura em que muitos povos no mundo realizavam a sua festividade pagã, que assim  acabou por ser cristianizada.

Natal é tempo de paz e amor entre os homens de boa vontade, Natal é esperança, nascimento, vida nova, a estrela que anuncia a chegada do Salvador. Natal é fé, é luz e harmonia, Natal é dia da família.

Natal é uma época do ano em que nos tornamos mais tolerantes e compreensivos, mais flexíveis e mais carinhosos. Por essa razão nos lembramos de pessoas que não são habituais nos nossos pensamentos.

As prendas aumentam e com elas a dinâmica macro e micro da economia. As previsões dos políticos tornam-se, subitamente, mais otimistas e, grande parte das empresas, têm subidas momentâneas nos seus volumes de negócios.

Natal é, também, um tempo de rara liberdade de pensamento crítico e de aceitação daquilo que é mais disruptivo. Tornamo-nos mais tolerantes: “tal como no Carnaval, é Natal, ninguém leva a mal”?

Nesta época de Natal, invade-me a vontade e fazer algumas perguntas que, por serem “politicamente” menos corretas, podem, porventura, parecer pouco simpáticas. Não é minha intenção dirigi-las a alguém em particular, elas resultam de um certo desencantamento sobre aquilo que observo, tendencialmente, no comportamento humano de um modo geral, dentro do atual contexto económico mundial profusamente mediatizado e facilmente manipulável por notícias condicionadas a regras lucrativas de audiências.

Pergunta 1

O que leva as pessoas tendencialmente a apreciarem notícias más?

Numa primeira abordagem, poderíamos ser levados a pensar que observar a desgraça alheia pode, aparentemente, apaziguar as dores da nossa própria desgraça. Será isso?

Os meios de comunicação aproveitam este facto com verdadeira mestria. Será correto? Deve continuar a ser legal fazerem-no? Numa sociedade em que o stress é a doença do momento justifica-se continuar a permitir a exploração abusiva e desenfreada deste negócio?

Pergunta 2

Porque é que muita gente prefere uma calorosa mentira em vez de uma inevitável verdade, e o que leva tantas pessoas a preferir comportamentos tendentes para a não assunção da responsabilidade dos seus atos?

Será porque a verdade pode doer e as pessoas não foram preparadas para aguentar a dor?

Estaremos hoje a viver uma realidade em que as pessoas, fruto de educação branda e excessivamente focada no culto da personalidade e no fortalecimento da auto-estima, são indivíduos débeis e impreparados? Pessoas incapazes de se desenrascar num contexto dinâmico, onde a realidade muda em função de si própria, das suas ações e das ações dos outros?

Afinal, o contexto atual é feito de uma realidade construída de forma plural na qual, para bem ser, os erros de cada um deveriam ser reconhecidos e aceites como preciosos instrumentos de aprendizagem.

Será também por isso que já não existem líderes mundiais carismáticos e fortes, líderes dispostos a sacrificarem-se por causas maiores?

Pergunta 3

E por último, dado que o Natal é a celebração da Família, arrisco-me a perguntar o que leva tantas pessoas, dentro da mesma família, muitas vezes consanguíneos, a odiarem-se?

Esta é uma pergunta a que não me arrisco sequer a dar qualquer palpite. Sempre que ela me surge lembro-me da piada que que um amigo costuma contar, a propósito da pergunta que o padre da sua freguesia costuma fazer aos seus paroquianos e à qual responde sempre da mesma forma:

  • P: Então como vai a família?
  • R: Bem Sr. Abade, muito bem, todos são muito amigos…
  • P: Ah sim? Então espere até serem feitas as partilhas…

Nesta época de que tanto gosto, desejo a todos, seja qual for a situação ou o lugar em que se encontrem, festas muito felizes e, acima de tudo, com amizade e com base em bons princípios, bons valores e adequados padrões de comportamento.

 

José Ferraz

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